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Ribeira Grande de Santiago – (Cabo Verde)

Ribeira Grande de Santiago é um concelho/município da ilha de Santiago, em Cabo Verde.

O Dia do Município é 23 de julho .

Desde 2008, o município da Ribeira Grande de Santiago é governado pelo Movimento para a Democracia.

Cidade Velha

A vila da Ribeira Grande de Santiago mais conhecida por Cidade Velha, é a sede do concelho do mesmo nome. Proclamada no século XVI, é o berço da Nação Cabo-Verdiana. Esta cidade (que acabou no passado por conhecer praticamente o seu total declínio devido a ataques frequentes de piratas) volta a ser proclamada no ano 2005, conjuntamente com a reconstituição do concelho. A antiga cidade da Ribeira Grande de Santiago de Cabo Verde é uma das mais antigas cidades fundadas pelos Europeus na África Subsahariana. Pelo seu porto passaram caravelas transportando escravos da África para outras partes do Mundo, designadamente Europa e Continente Americano. Escravos passavam nesta paragem por um processo de ladinização e subsequentemente eram transportados para os destinos já referidos. Daí, a cidade de Ribeira Grande de Santiago de Cabo Verde se revestir de grande importância histórica para a humanidade. A Cidade conserva um número significativo de edifícios e ruínas dos séculos que passaram, desde a descoberta do Arquipélago de Cabo Verde em 1460.

História

Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago, sede do poder legislativo.

Foi criado em 2005, quando duas freguesias do antigo Concelho da Praia foram separadas para formar o Concelho de Ribeira Grande de Santiago.

Durante um período de transição, o município foi governado pela chamada Comissão instaladora. A 18 de Maio de 2008 foi realizada a primeira eleição municipal, ganha pelo MpD.

MANUEL DE PINA – PRESIDENTE DA CÂMARA

Que significado tem, para a vossa cidade, a geminação com a cidade de Angra do Heroísmo.

Para a Cidade Velha, toda e qualquer geminação reveste-se de um cariz especial e individual. O mesmo, com toda a certeza, sucede em relação a Angra do Heroísmo. Da nossa parte, enquanto Cidade Berço da Nação Cabo-Verdiana, vislumbramos nesta união fraterna com a comummente aceite capital histórica do Arquipélago dos Açores uma opima oportunidade para estreitar os laços com um país-irmão e, concomitantemente, com uma urbe atlântica.

Ao longo dos anos essa parceria tem trazido vantagens para a vossa cidade? Quais?

Tendo em conta que o protocolo de geminação é relativamente recente – com data de celebração a 06 de Novembro de 2018 – não podemos aquilatar, em toda a sua plenitude, aquilo que será a potencialidade desta geminação. Não obstante, os primeiros passos estão a ser dados, conquanto tenham sido deveras prejudicados pela crise pandémica e pelos problemas económicos, que têm impedido a concretização dos projectos gizados. Ainda assim, os primeiros meses são, no entanto, frutuosos ao nível da troca de ideias e do planeamento a médio e longo prazo, a par de um intercâmbio de experiências que, felizmente, pode ser efectivado de modo virtual, preparando as bases daquilo que será o essencial, no terreno, das iniciativas práticas que formalizarão estes meses de contactos preparatórios.

Que tipo de relação a vossa cidade mantém com Angra do Heroísmo ao longo dos anos?

Entre a Cidade Velha e Angra do Heroísmo, enquanto Cidades Património Mundial, que se respeitavam mutuamente na fase prévia à assinatura formal do protocolo, a relação não poderia ser mais cordial e amistosa. O idioma comum facilita sobremaneira a troca de ideias, assim como o facto de pertencermos à União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) – a qual se tem mantido frequente, seja no âmbito da geminação propriamente dita, mas, igualmente, nos últimos meses, trocando ideias a respeito da prevenção e mitigação dos efeitos da Covid-19 –, mas a boa-vontade das partes e a amizade entre os edis compõe o panorama global que permite que estejamos perante duas cidades realmente irmanadas.

A população da vossa cidade conhece Angra do Heroísmo?

Resposta: De uma maneira geral, procuramos que a população da Cidade Velha e, num sentido mais lato, todo o município da Ribeira Grande de Santiago, conheça as várias cidades com as quais temos a honra de encetar protocolos de geminação. Cabo Verde é, por norma, um país com forte ligação sentimental a Portugal: diáspora transformou-nos em irmãos, dando prosseguimento ao que a História iniciou. Como tal, Angra do Heroísmo faz parte do quotidiano dos nossos munícipes – até porque fazemos questão de recordar, com enorme acuidade – a importância das geminações, das cidades-irmãs e de as dar a conhecer.

Desenvolvem muitas acções em conjunto?

De facto, esta primeira fase acabou por ser proveitosa, com um conjunto relevante de acções, entre as quais podemos destacar as seguintes. Logo à partida, Cidade Velha e Angra do Heroísmo lograram a partilha conjunta da Vice-Presidência da Organização das Cidades Património Mundial (OCPM). Pela pertença na Macaronésia, fazemos parte, em conjunto, no projecto Eco-Tour logrando a dupla vertente do Ecoturismo e do Turismo – assim como no projecto City 2020 (no qual, se pretende evidenciar e enriquecer a competitividade empresarial e comercial em rede, sobretudo na vertente turística, com iniciativas inclusivas e sustentáveis).

Tudo isto levou a que fosse possível realizar, em termos concretos, intercâmbios na área cultural e fomento ao desenvolvimento empresarial, com efectivas trocas comerciais, sem deixar de frisar aquele que passou por ser o mais vincado projecto em comum, no caso o financiamento da Casa do Pescado na Cidade Velha – num momento em que escasseava a cooperação internacional, mormente em termos da cooperação descentralizada – a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo fez o aporte assertivo ao tornar possível concretizar um sonho antigo dos pescadores locais. Localizada no Bairro de São Sebastião, foi criteriosamente planeada junto à orla marítima, de modo a que os pescadores possam evitar passar os seus dias a carregar os pesados motores, após o final do dia da faina marítima, tal como acontecia até à sua edificação. Com a requalificação de um antigo espaço estatal devoluto, a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago – através do crucial apoio da Câmara de Angra do Heroísmo – conseguiu devolver dignidade à profissão de Pescador, uma actividade muito importante para a história (passado, presente e – assim se pretende – futuro) da comunidade, realçando o carinho da edilidade pelos seus “homens do mar”, não apenas permitindo um espaço para guardar os seus motores das embarcações, mas onde possam descansar, conviver e praticar os seus desportos preferidos (os jogos de cartas que tanto apreciam), em são convívio, após um dia de intenso labor, quantas vezes à custa de mil provações perante as vicissitudes do tempestuoso elemento marinho.

Tem, em agenda, alguma iniciativa para o futuro próximo?

Conforme frisámos anteriormente, os planos fervilham – seja na área da cultura, do turismo, da educação, a par de dar continuidade aos intercâmbios culturais e dinamização e fomento ao desenvolvimento empresarial. Os técnicos da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, a par dos seus congéneres de Angra do Heroísmo, têm feito o seu trabalho. Porém, os últimos tempos não têm sido propícios à colocação, em termos práticos, das acções no terreno. Deste modo, existe vontade de ambas as partes, nomeadamente unir as populações, criar sinergias, mas, sobretudo no que diz respeito aos nossos munícipes, a vertente virtual teria pouco efeito positivo. Apesar do forte investimento que esta autarquia tem feito, na última década, em novas tecnologias, dotando o município com um Centro Cultural, uma Biblioteca Municipal e espaços juvenis equipados com computadores e ligação à internet, o certo é que os cabo-verdianos continuam a ser um povo de afectos, onde não se dispensa o abraço, o sorriso presencial, terminar o dia com uma dança ao som do batuque. E isso só será possível quando a pandemia deixar de ser uma realidade.

Quer dirigir uma saudação especial para a população de Angra do Heroísmo?

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Sr. Presidente, Dr. José Gabriel Meneses, pela forma empática com que encarou esta geminação. O mesmo é dizer de toda a sua equipa autárquica. Em segundo lugar, o meu mais sincero encómio pela beleza natural e arquitectónica de Angra do Heroísmo, uma zona geográfica que nos deixa sem fôlego pelo encanto e forma requintada com que tem sido cuidada por todos vós.

Por fim, como não podia deixar de ser, endereço um convite aos angrenses: tão-logo o mundo recupere desta pandemia, aproveitem para visitar a Cidade Velha – Berço da Nação Cabo-Verdiana, uma urbe histórica que convive harmoniosamente com o seu lado rural. Plantada junto ao Oceano, temos História e Cultura, tranquilidade e, sobretudo, aquilo que chamamos o nosso tesouro: a Morabeza, ou arte de bem-receber.